Conmebol vai julgar River Plate por infração que pode colocar Grêmio na final

  • Por Jovem Pan
  • 01/11/2018 15h24
LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA Grêmio tenta reverter eliminação na Justiça

A diretoria do Grêmio conseguiu que a Conmebol julgue o River Plate, por causa de uma infração ocorrida na semifinal da Copa Libertadores. O time argentino permitiu que o técnico Marcelo Gallardo fosse até o vestiário mesmo estando suspenso. O time gaúcho pede a reversão dos pontos da partida, que terminou com vitória e classificação do River.

O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, acusou o River e Gallardo de debocharem da Conmebol e enfatizou: “O que está em jogo aqui são valores muito mais profundos que o resultado de campo. O que está em jogo é a integridade do futebol, a moralidade do futebol. É não ser esperto, não ser malandro, não meter um boné na cabeça para não ser reconhecido e transgredir. O que está em jogo é a honra do campeonato, da própria Conmebol”

O dirigente afirmou que o “River tinha time para ganhar” do Grêmio sem fazer uso desta conduta irregular e não pode ter a sua passagem a final considerada legítima pela forma como o seu treinador agiu. Bolzan ainda destacou que o próprio comandante argentino admitiu que infringiu as regras, o que é um sinal claro de que o clube de Buenos Aires permitiu que o mesmo cometesse as irregularidades.

“O que aconteceu aqui foi a infringência do regulamento do Código Disciplinar da Conmebol. O técnico do River estava suspenso e, ao estar suspenso, participou da partida de maneira direta. Com a conivência, com a concordância, planejamento, com tudo patrocinado pelo River Plate. Nós que conhecemos futebol sabemos perfeitamente que quem se comunica, quem tem um aparelho de comunicação, que tem rádio, fones de ouvidos, isso é absolutamente irregular estando suspenso”, afirmou o mandatário gremista, para em seguida revelar que parte da conduta irregular de Gallardo foi flagrada pelas câmeras do sistema de segurança da arena gremista.

“Na nossa reclamação nós temos todo o trajeto feito pelo treinador visualizado pelas câmeras internas da Arena, desde a saída do seu camarote até a chegada do vestiário no intervalo. E também ali se viu, o delegado do jogo foi chamado a partir da denúncia, que o treinador entrou no vestiário e o delegado foi impedido pelos seguranças do River Plate, e ao ser impedido não conseguiu entrar, saiu e voltou para o seu local. Fica completamente comprovada, além de toda a situação do aparato montado, que coloca o River Plate como agente importante, que patrocinou tudo isso para o seu treinador, o seu treinador também infringiu a regra”, reforçou Bolzan.

Já ao comentar especificamente sobre a conduta de Gallardo, o presidente disse ter a convicção de que não se tratou de uma “decisão solitária” do comandante e que, por isso, não apenas o técnico precisa ser punido, mas também o River Plate por permitir que o treinador atuasse de forma ativa na partida, desrespeitando a sua suspensão.

“Existe uma situação que pode vir ao debate, que a decisão foi solitária, única do treinador, e ficar a responsabilização em cima do treinador. Isso não é verdadeiro. De outra parte, a infringência da norma e a confissão do treinador. Que diz que fez, que não se arrepende, que faria de novo, e que era importante a sua participação para que todos se sentissem mais seguros e orientados para fazer o segundo tempo”, afirmou.

Bolzan ainda esclareceu que a reclamação gremista enviada à Conmebol que o clube não está contestando o resultado da partida de terça-feira, apesar do fato de que o primeiro gol do River, marcado após um toque da bola no braço do atacante Borre, não foi impugnado com o auxílio da arbitragem de vídeo (VAR), que sequer foi acionada para revisão do lance no qual o time argentino empatou o duelo.

“Em primeiro lugar, quero dizer que o que nós estamos fazendo não tem rigorosamente nada a ver com a questão do VAR. Nós fomos prejudicados no jogo, fomos prejudicados na partida, tivemos um gol que foi absolutamente nulo, um gol que não deveria ter sido confirmado, e não tivemos ali nem tampouco a visão do VAR, nem tampouco da reavaliação do lance, se o foi feito. Mas esse não é o nosso reclamo. Essa não é a nossa posição. No campo, o jogo de 180 minutos terminou 2 a 2 e os critérios de gols qualificados levaram para uma vantagem do River. Esses assuntos não são objetos da nossa reclamação”, esclareceu.

Ao lado do CEO do Grêmio, Carlos Amodeo, do diretor jurídico do clube, Nestor Hein, do diretor adjunto jurídico Leonardo Lamachia e do executivo de futebol André Zanotta, Bolzan informou até o horário do julgamento deste sábado e exibiu otimismo ao projetar a chance de o River Plate ser punido e ficar fora das finais contra o Boca Juniors, confirmadas para ocorrer nos próximos dias 10 e 24 de novembro.

“O Grêmio entende que tem uma excelente causa, que tem fundamento, que tem razão em tudo o que postula, e está confiante no aguardo da decisão do Tribunal de Penas da Conmebol, que está marcado para sábado, por volta das 13h30. Já fomos notificados ontem (quarta-feira) do julgamento, e possivelmente se julgue em dois expedientes, um de ofício, que foi a própria Conmebol que instaurou para examinar essas situações, que deve ter sido feito em cima do relatório do delegado e da súmula do jogo, e todo esse levantamento que nós fizemos por conta da nossa reclamação, de todas as provas que juntamos. Vamos combinar: não há mais ambiente de esperteza, de malandragem, de tudo vale para ser campeão, que os fins justificam os meios, que as coisas vão se reger”, afirmou o presidente gremista.

“O Grêmio vai combater isso e esperamos que seja provido nosso recurso para ter como consequência a reversão do escore para 3 a 0. Há precedentes de sobra para tudo isso, do Santos, da Chapecoense, em outras confederações, outras federações. Esperamos que seja feita justiça”, completou o mandatário tricolor.

Com Estadão Conteúdo

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