Conselho Federal da OAB recomenda o afastamento de Moro e Dallagnol

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2019 17h54
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO Sergio Moro e Deltan Dallagnol Para a OAB, Deltan Dallagnol e Sergio Moro devem pedir afastamento de seus cargos

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu um comunicado nesta segunda-feira (10) recomendando o afastamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol de suas funções públicas. A nota veio depois de uma reportagem do site The Intercept acusar Moro e Dallagnol de fazerem um conluio durante a operação Lava Jato, na época em que o ministro era juiz federal.

O comunicado diz que o Conselho e o Colégio de Presidentes Seccionais manifestam “perplexidade e preocupação com os fatos recentemente noticiados pela mídia, envolvendo procuradores da república e um ex-magistrado, tanto pelo fato de autoridades públicas supostamente terem sido “hackeadas”, com grave risco à segurança institucional, quanto pelo conteúdo das conversas veiculadas, que ameaçam caros alicerces do Estado Democrático de Direito”.

Apesar de destacar prudência com julgamentos preliminares, a nota fala em uma “possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no âmbito da operação Lava Jato” e pede o afastamento de Moro e Dallagnol.  “Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita.”

O texto ainda ressalta que a instituição defende a independência e a imparcialidade e zela pela liberdade de imprensa e o sigilo da fonte. Leia abaixo a nota na íntegra:

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Colégio de Presidentes de Seccionais, por deliberação unânime, manifestam perplexidade e preocupação com os fatos recentemente noticiados pela mídia, envolvendo procuradores da república e um ex-magistrado, tanto pelo fato de autoridades públicas supostamente terem sido “hackeadas”, com grave risco à segurança institucional, quanto pelo conteúdo das conversas veiculadas, que ameaçam caros alicerces do Estado Democrático de Direito.

É preciso, antes de tudo, prudência. A íntegra dos documentos deve ser analisada para que, somente após o devido processo legal – com todo o plexo de direitos fundamentais que lhe é inerente –, seja formado juízo definitivo de valor.

Não se pode desconsiderar, contudo, a gravidade dos fatos, o que demanda investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que estes envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no âmbito da operação lava-jato. Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita.

A independência e imparcialidade do Poder Judiciário sempre foram valores defendidos e perseguidos por esta instituição, que, de igual modo, zela pela liberdade de imprensa e sua prerrogativa Constitucional de sigilo da fonte, tudo como forma de garantir a solidez dos pilares democráticos da República.

A Ordem dos Advogados do Brasil, que tem em seu histórico a defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático e do regular funcionamento das instituições, não se furtará em tomar todas as medidas cabíveis para o regular esclarecimento dos fatos, especialmente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), Procuradoria-Geral da República (PGR), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reafirmando, por fim, sua confiança nas instituições públicas.

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