Surpreso com habilitação de Dilma, Aécio põe PMDB em xeque e promete ir ao STF

  • Por Jovem Pan
  • 31/08/2016 15h18
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa extraordinária para votar a Denúncia 1/2016, que trata do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por suposto crime de responsabilidade. Em pronunciamento, senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Geraldo Magela/Agência Senado Aécio Neves questiona Dilma no plenário do Senado - ASENADO

Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves foi pego de surpresa com o resultado da votação que manteve Dilma Rousseff habilitada a exercer cargos públicos mesmo depois da cassação de seu mandato. Por isso, em entrevista exclusiva ao repórter José Maria Trindade, da Rádio Jovem Pan, o tucano avisou que, assim como o DEM, o PSDB irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para recorrer da decisão. 

“Todos nós, da antiga oposição, defendíamos o que diz a constituição, que a sanção para alguém que cometesse um crime de responsabilidade tinha de ser a cassação do mandato e a consequente perda dos direitos políticos. Por isso, vamos ao STF para que ele possa dirimir essa dúvida que acabou ocorrendo após a votação. Caberá ao STF a palavra final”, disse Aécio. 

A polêmica toda começou quando o presidente do STF tomou uma controversa decisão momentos antes da votação final do impeachment no Senado. Ricardo Lewandowski acatou um requerimento apresentado pelo PT e dividiu o pleito em duas partes: uma para julgar perda de mandato e outra para decidir a inabilitação de Dilma para o exercício de cargos públicos pelo prazo de oito anos.

O problema, no entanto, foi que Dilma perdeu o mandato (por 61 votos a 20), mas se manteve habilitada a continuar exercendo cargos públicos – já que eram necessários 54 votos favoráveis à inabilitação, e a oposição só conseguiu 42. Isso significa que, ao contrário do que aconteceu com Fernando Collor de Mello, em 1992, Dilma poderá se eleger a cargos públicos quando quiser – sem precisar esperar pelo término do “gancho” de oitos anos que é comumente imposto a presidentes depostos.

Para Aécio, a “vitória” do PT na segunda votação mostrou que o PMDB não está tão comprometido assim com o presidente Michel Temer – já que oito integrantes do partido, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros, votaram a favor do impeachment, mas contra a inabilitação de Dilma

“Eu confesso a você que isso deixa dúvidas em relação ao nível de comprometimento do PMDB com o governo Michel Temer“, admitiu Aécio, embora tenha minimizado os efeitos práticos da habilitação de Dilma. Não vejo alguém imaginando a presidente Dilma disputando eleições amanhã, por exemplo”.

“O que nos preocupou nessa votação foi a forma como alguns setores do PMDB se manifestaram, sem qualquer aviso prévio àqueles que sempre estiveram ao seu lado, que eram os partidos de oposição“, encerrou, ainda sem romper com o PMDB – de acordo com Aécio, o PSDB só deixará a base aliada se Michel Temer não se comprometer a cumprir uma agenda entregue pelo seu partido com um conjunto de propostas para “tirar o Brasil do abismo no qual o PT o colocou”.

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